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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

Vidas secas, de Graciliano Ramos - 2ª Fase do Modernismo.

1º Passo: Apresentação da obra; Análise da narrativa

Obra composta por  13 capítulos.
1º Mudança
2º Fabiano
3º Cadeia
SinháVitória
5º O menino Mais Velho
6º O Menino Mais Novo
7º Inverno
8º Festa
9º Baleia
10º Contas
11º O soldado Amarelo
12º O mundo coberto de penas
13º Fuga 
 Qual será o motivo da FUGA?

ØPublicado em 1938
ØContexto histórico: Era Vargas
ØRelação com o contexto [-Romance de 30, resgate do realismo do século XIX; análise crítica dos  problemas sociais, psicológicos relacionados a realidade brasileira].
ØNarrador - 3ª pessoa
ØTécnica do discurso indireto livre

Em Vidas secas – existem 2 mundos:
1º mundo:
Fabiano - ZOOMORFIZAÇÃO (animalização)
Vaqueiro honesto com grandes dificuldades linguísticas, bruto, selvagem.
Ambiguidade, homem ou bicho?

Sinha Vitória – Sofrida, sonhadora e inteligente [percebe que as contas do patrão estão erradas].

Cachorra Baleia – ANTROPOMORFIZAÇÃO (é uma forma de pensamento que atribui características ou aspectos humanos).
Membro da família, pensa, sonha e age como gente.
“Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração”. p. 90
Papagaio- Vira refeição, não sabia falar. Latia.

Menino Mais Velho - Curioso e não tem noção da miséria em que vive.
  “Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia silabas, imitava os berros dos animais, o barulho do vento, o som dos galhos que rangiam na catinga, roçando-se”. p.59

Menino Mais Novo – Sofrida, enxerga em seu pai um verdadeiro herói.
“Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração”.
p. 47


2º mundo:
Seu Tomás da Bolandeira – Status econômico de segurança e conforto; significa cultura e a educação que Fabiano jamais poderá possui.
- Só aparece nas lembranças. É muito idolatrado por Fabiano e Sinha Vitória.

O Patrão de Fabiano - Possui terras e o dinheiro, emprega os trabalhos sob o regime escravo, sem direito a nada.
- Opressor, fazendeiro desonesto que explora seus empregados.

O Soldado Amarelo - simboliza o governo [Era Vargas].
- Corrupto, simboliza a repressão e autoritarismo da Era Vargas.

Seu Inácio – Dono do bar.
- Coloca água na cachaça para assim ganhar mais dinheiro.


Qual a relação entre os dois mundos?
- Todos sofrem com a seca.

- Entre os dois mundos não há um sistema de troca, apenas, um mecanismo de OPRESSÃO E BLOQUEIO.
- O bloqueio entre os dois grupos  é unidirecional, e o mecanismo de opressão funciona de cima para baixo.


O que une os episódios no livro?
A utilização de vários motivos recorrente:

* a paisagem árida;
* a zoomorfização e antropomorfização das criaturas;
* os pensamentos fragmentados dos personagens e,
* os consequentemente problemas de linguagem;
* seu Tomás da Bolandeira;
* a cama de varas de Sinha Vitória etc.


Repensando os dois grupos em níveis de hierarquia – unilateral.

1º Grupo

Os sem poder – Fabiano, Vitória e os participantes do bumba meu boi.

3º Grupo
Prisioneiro, jagunços  - representa uma ameaça estabilidade.



Grupo
Pode econômico – o fazendeiro
Poder  civil – o prefeito
Poder militar – os soldados.

Poder religioso – o padre e a igreja.

O bando representa um grupo que está fora da hierarquia de poder e uma ameaça à sua 
estabilidade. É nesse ponto que o  diretor  se vale de sua liberdade criativa para transformar, 
por coerência ideológica, um dos elementos do texto original.

Tempo:
 ATEMPORAL - não há objetos que permitam precisar o tempo
cronológico em que decorre a narrativa, a não ser que os
acontecimentos vividos pela família se desenrolem  entre duas
secas.

Espaço:
Sertão Nordestino.

Ambiente:
Um ambiente sem sentimentalismo por viverem em um espaço
que não lhes é oferecida boas condições de vida.

Tema:
Injustiça social.

Assunto:
Denúncia social

Mensagem:
A seca não está apenas no sertão, mas na alma de muitos e na
falta de ações dos outros.



Curiosidades
Ø O livro circulou em território estrangeiro durante um bom tempo, sendo primeiramente lançado na Polônia e depois na Argentina, seguida por República Tcheca, Rússia, Itália, Portugal, França, Espanha e em outros. No Brasil, encontra-se em sua centésima sexta edição.

ØEm 1962,  ganhou o prêmio da Fundação William Faulkner (Estados Unidos) como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.

ØTambém conquistou um enorme público, tendo vendido até então mais de um milhão e meio de exemplares, enquanto, ocasionalmente, é leitura obrigatória em vestibulares da USP, da PUC, da UFBA e da UEPA.

ØO cineasta Nelson Pereira dos Santos realizou uma bem-sucedida versão homônima de Vidas Secas em 1963, reforçando aspectos atuais do país.

ØO romance originalmente se chamaria "O Mundo Coberto de Penas", título do penúltimo capítulo, em referências às penas negras dos corvos cobrindo o chão seco. O texto original está grafado assim. Porém o próprio Graciliano Ramos riscou o título original e escreveu à mão "Vidas Secas".

 ØO romance também teve um nome alternativo, vidas molhadas, por conta da ironia de Ramos.


2º Passo: Análise da obra; Intertextualização

Mensagem – “Vidas Secas”
A seca não está apenas no sertão, mas na alma de muitos e na falta de ações dos outros.


O sonho é o alívio das misérias
dos que as têm acordados.
                               (Miguel de Cervantes)


Técnica  do discurso indireto livre
Três tipos de discursos
I. Discurso direto
Verbos no presente do indicativo (fica, há).
Pontuação característica (travessão, dois pontos).
Exemplo:
- Onde estão os meus ingressos para o espetáculo de patinação? – perguntou Pedro.
- Estavam aqui ainda neste instante! – replicou Maria.

II. Discurso indireto
Verbos no pretérito imperfeito do indicativo (ficava, havia).
Ausência de pontuação característica.

Exemplo:
A mãe, impaciente, pediu a sua filha que fosse até lá.
Ela respondeu que estaria já dali a cinco minutos.

III. Discurso indireto livre
O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo.
Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem.

Importante:
Vidas secas – Técnica do discurso indireto Livre
O uso do discurso indireto livre permite aproximar a voz do narrador à voz do personagem, dando a impressão de que são um só.
A narração ganha tom mais subjetivo, e o leitor tem acesso direto aos pensamentos do personagem.
os outros.

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